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terça-feira, 7 de março de 2017

A INTERPRETAÇÃO PSICANALÍTICA


Em psicanálise, interpretar tem o sentido de tornar consciente o significado, a origem, a história, o modo ou a causa subjacente (inconsciente) de um determinado fato psíquico. 
Geralmente, para que tal objetivo seja atingido, há a necessidade de mais de uma intervenção.
Usualmente, a interpretação envolve os seguintes pontos:
1. Inferências e conclusões do analista em relação ao significado e ao valor inconsciente das verbalizações  e da conduta do paciente.
2. A comunicação que o analista faz  a respeito das inferências e conclusões dele, analista, em relação ao paciente.
3. Todos os comentários feitos pelo analista. Isso constitui o emprego coloquial comum do termo.
4. As intervenções verbais especialmente destinadas a realizar uma modificação dinâmica através de um insight (compreensão interna).
Modalidades de Interpretação
- Interpretação do conteúdo: Expressão utilizada para designar a tradução do material superficial manifesto ou para aquilo que o analista supõe ser a sua significação mais profunda, em geral com especial ênfase  nos desejos e fantasias sexuais e agressivos da infância. Não se refere ao conflito e à luta que mantiveram inconscientes essas lembranças e fantasias. 
Deve acontecer juntamente com as interpretações dos símbolos, que constituem a tradução de significados simbólicos, tais como aparecem nos sonhos, parapraxias, etc.
Interpretação da defesa: Objetivam mostrar ao paciente os mecanismos e as manobras de que ele se utiliza para lidar com os sentimentos dolorosos relativos a um determinado conflito e, se possível, as suas origens. Supõe-se que as interpretações da defesa sejam o complemento indispensável das interpretações do conteúdo, pois imagina-se também que estas sejam insuficientes, a menos que o paciente consiga ver o modo como maneja os impulsos infantis.

Interpretação modificadora: Sugere que as mudanças fundamentais que se produzem no paciente por meio de interpretação são aquelas que afetam seu superego.

Interpretação direta: É aquela oferecida como resposta imediata ao material trazido pelo paciente, sem esperar por outras associações ou clarificação. Podem ser, inclusive, uma forma de interpretação de símbolos. 
Importante observar que processo de compreensão pode ser inconsciente, em ampla medida, porém não é místico. Fica melhor caracterizado como sendo uma percepção. 
Constitui, portanto, para o psicanalista, sua principal ferramenta de trabalho: ter a capacidade e a habilidade para fazer interpretações corretas, pertinentes e eficazes.


sexta-feira, 3 de março de 2017

A ANALISABILIDADE



A palavra analisar, em psicanálise, refere-se à uma expressão condensada que abrange as técnicas psicanalíticas que contribuem para o aumento da compreensão interna de indivíduo.
Para o seu entendimento, é preciso levar em conta os seguintes conceitos:
Confrontação: é o processo que consiste em chamar a atenção do paciente para um determinado fenômeno a fim de torná-lo explícito. Permite que o paciente reconheça algo que esteve evitando e que terá de ser melhor compreendido.
Clarificação: Embora possa ser posterior à confrontação, e até misturar-se com ela, representa, particularmente, todo o processo que consiste em colocar sob um foco mais visível, os fenômenos psicológicos com os quais o paciente foi confrontado (e que, portanto agora, está mais apto a considerar). 
A clarificação, na verdade, implica na descoberta de detalhes significativos que têm de ser separados do material alheio à análise que se está fazendo.
Interpretação: Significa, basicamente, tornar consciente a história, o significado, a origem, o modo ou a motivação inconsciente de um determinado evento psíquico. Via de regra, para isso, são necessárias várias intervenções.
Elaboração: (ou, o chamado working through): Leva em conta um conjunto bastante complexo de procedimentos e processos que ocorrem depois que ocorre um insight (compreensão interna).
Segundo Greenson, (1965b), o trabalho analítico que permite que um insight provoque uma mudança é o trabalho da elaboração. Ela abrange, geralmente, as investigações complexas, progressivas e repetitivas das resistências que impedem que uma compreensão interna provoque uma mudança.
Afora o fato de ampliar e aprofundar a análise das resistências, as reconstruções também têm uma importância especial. Cada elaboração coloca em movimento uma vasta gama de processos circulares nos quais a compreensão interna, a memória e a mudança de comportamento se influenciam mutuamente.
Greenson propõe uma definição de elaboração centrada no insight e na modificação.
Não se considera a elaboração um trabalho analítico antes de o paciente ter compreensão interna profunda. Somente depois disso.
O objetivo da elaboração é tornar eficaz a compreensão interna,ou seja, efetuar mudanças significativas e duradouras no paciente.
A análise das resistências que impedem que a compreensão interna produza modificação no paciente constitui, então, o trabalho da elaboração.

Ele consite, então, na repetição, no aprofundamento e na ampliação da análise das resistências.

A PRIMEIRA SESSÃO PSICANALÍTICA



Desde que Freud iniciou seus primeiros trabalhos utilizando a técnica psicanalítica, já pode observar que a primeira sessão (que, na verdade, podem ser várias e não apenas uma) é de fundamental importância para todo o tratamento que se seguirá depois.

As razões para essa importância especial são várias.

Em primeiro lugar, trata-se do primeiro encontro entre o paciente e o analista, motivo suficiente para provocar uma certa ansiedade (embora de intensidades diferentes) em ambos, uma vez que os dois têm expectativas, que poderão ser confirmadas, ou não.

Mas, expectativas à parte, o que mais se mostrou produtivo nos dias atuais, é na verdade, transformar essa que seria a PRIMEIRA SESSÃO PSICANALÍTICA, numa série de encontros ou entrevistas, denominadas de entrevistas introdutórias, durante as quais, não se inicia ainda o tratamento psicanalítico propriamente dito.

Mas, se durante essas entrevistas introdutórias ainda não há análise, por que motivo elas acontecem e quais objetivos elas atenderiam? Aí já entramos na segunda razão de sua importância.

Trata-se na questão de construir um ambiente apropriado ao mútuo conhecimento, no qual são criadas as condições para o estabelecimento da empatia e de um "rapport" em torno da figura do analista. Metaforicamente, poderíamos nos referir a esses momentos como o tempo e a época apropriados para a preparação do terreno no qual, posteriormente, serão semeados os grãos, que germinarão mais saudáveis para uma boa colheita.

E, finalmente, essas entrevistas introdutórias servirão também como a base onde se formará o "par analítico" e estará, então, concluído o setting, no qual se dará o tratamento e, consequentemente, as batalhas entre as transferências, as interpretações e as resistências.